segunda-feira, janeiro 22, 2007

Anda para brincar comigo...

Importam-se por favor de parar o mundo? Quero arrumar o meu coração. Já agora alguém que me explique o procedimento correcto: por onde se começa, de que lado é que se abre, assim essas coisas. Anda para brincar comigo - a besta - a bater que nem um desalmado. Desalmado, é o que ele é, a atrapalhar-me o mínimo dos movimentos. Vou para dar um passo e, sinto ainda presentes na pele todos os toques, todas as memórias. Párem o mundo que o meu coração deu de me fazer cócegas. Afinal a culpa não é minha. Também é tua. Mesmo que não queiras. Parem o mundo só um nadinha, as horas e os relógios. Só para sentir que ainda é. Perpetuamente. Como a nota mais aguda de um violino. Um instante. Só um instante. É quanto chega para ficar para sempre.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mais Luz... precisava tanto de mais luz...

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Primeiro passo

As coisas realmente importantes, não se ensinam e não se aprendem: reconhecem-se.
Peço então (e pode ser por esta ordem):
1. não me compreendas, reconhece-me.
2. não agradeças, reconhece.
3. não procures e não me procures, reconhece-me.
Não existe nada que nos não perfaça, que te/vos não perfaça. Não é necessário intentá-lo. Bastará reconhecer.
Disse.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Inconveniências

Penso nos meus amigos mais chegados... todos eles com um ar tão conveniente e arrumadinho. Eu sou aquela que está sempre a deixar cair coisas ao chão. Especialmente o saco. O meu saco está sempre a cair ao chão, em ataques de teimosia mesquinha, revelando - para meu embaraço - todo o seu conteúdo: boiões de creme, tampões, colheres de café, rebuçados, lenços de papel, ganchos de cabelo e chaves de fendas. Nunca me sobra intimidade nenhuma. Volta meia volta e trás! Cai-me a vida ao chão em lugares públicos. Geralmente é nos corredores de centros comerciais, mesmo ao lado das escadas rolantes, que é para toda a gente ver com indiferença e em câmara lenta.
Baixo-me. Tento enfiar tudo outra vez lá para dentro de forma metódica. Estou tão habituada que este despudor não me atrapalha minimamente...
Depois penso: e se em lugar de deixar cair o saco, o mal que não seria (o bonito que isso era!) se me caisse assim o coração, por trazer o peito mal fechado e tombasse revelando o seu interior. Por exemplo na secção de frescos de um hiper-mercado.
O meu coração gaiteiro, tinhoso e tosco a dizer-me "Toma lá que já almoçaste..."

domingo, dezembro 17, 2006

Vai-te foder...

Estava capaz de te telefonar para te dizer apenas "Vai-te foder."
Apareces na minha vida nas alturas menos próprias: antes durante e depois. E instalas-te, como se fosse um direito adquirido, a atezanicar-me o juízo.
Chega-te para lá que eu preciso de respirar.
Chega-te para lá que a tua ausência dá-me ganas de partir coisas - o que é bom, é o início do processo criativo.
"Vai-te foder" é a mesma coisa que "amo-te", mas sem parecer tão arrumadinho. É uma mistura de tesão, carinho e ardor em partes desiguais e todas prontas para explodir ao mínimo gesto que faças. Anda lá, mexe-te. Que é para veres que não estou a brincar.
"Vai-te foder" é amor à séria.
Como quando te peço que me maltrates. Claramente não estou a brincar. Com estas coisas não se brinca. Disfarça-se.
"Vai-te foder" é uma espécie de confissão, um "ganhaste", com medo de virar lamechas. É o meu coração a nu. Que não consegue pedir-te nada. Nem desculpa.

sábado, dezembro 16, 2006

O Processo

Oiço vezes sem conta… o mesmo… os mesmos sons, os mesmos significados… não quero aceder ao sentido! Não quero, mas…

A realidade encarregou-se de mo desvendar! Mesmo em frente aos meus olhos interiores, por isso… Já me fez sentido! Já não posso voltar atrás, parece que a vida é tudo isto!

Tristeza? Desilusão! Não com aquela intensidade! Fui sentido, fui-me desorganizando (um processo), mas agora… simplesmente, já sei!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

"The only way to get rid of a temptation is to yield to it."
Oscar Wilde
Nem vale a pena acrescentar nada. O que está dito, está - por sinal - bem dito.

Não tá fácil!

Apelo de um professor: façam filhos que eu preciso de dar aulas.
Apelo de um psicólogo: tratem-os mal que eu preciso de ter pacientes.
Tanto quanto me é dado observar, ainda que o povo não se tenha vindo a revelar muito fértil, pelo menos compreende que os profissionais clínicos também precisam de ganhar o deles e desancam nas criancinhas com um surpreendente requinte... são poucos mas bons.